ABOUT NATURE 01 - Associação Brasileira de Cristãos na Ciência: ABC²

Meus filhos adoram o Ursinho Puff. Eles gostam de desfilar pelo nosso apartamento cantando:
“The wonderful thing about Tiggers is Tiggers are wonderful things. Their tops are made of rubber, their bottoms are made of springs!” (“O mais maravilhoso dos Tigrões é que eles são coisas maravilhosas. A parte de cima deles é feita de borracha, a parte de baixo é feita de molas!”)
É uma canção que o Tigrão canta no filme da Disney Winnie the Pooh and the Blustery Day (Ursinho Pooh e o dia chuvoso). O personagem explica ao Ursinho Puff as coisas que o tornam tão especial. Cada parte que compõe o Tigrão é justamente o que o torna tão maravilhoso. Não é isso também o que vemos quando olhamos para a natureza?

Seja como cientistas ou como simples observadores curiosos, quando cristãos contemplam a natureza, ficamos maravilhados. Amamos nos encantar com a criação de Deus tanto no todo quanto nas suas partes. Essas partes individuais compõem o grande quadro da natureza. E, às vezes, ao olhar atentamente para os detalhes, voltamos a nos maravilhar com o todo. As crianças são especialmente boas nisso.

Um dia, meu filho de 5 anos me perguntou: “Papai, o que acontece com a comida depois que eu como?” Essa curiosidade nos levou a uma jornada fascinante por apenas um sistema de seu corpo. Conversamos sobre como seu corpo funciona, por que precisa de alimento e como lida com os resíduos. A conversa evoluiu para a relação entre os sistemas corporais e como todos trabalham juntos para torná-lo um ser humano completo. Começamos pelas partes e terminamos no todo – e durante todo o processo nos maravilhamos com o funcionamento do corpo humano.

A curiosidade infantil é algo maravilhoso. É a chave do encantamento. Sem curiosidade, não há maravilhamento. Neil deGrasse Tyson disse recentemente: “As crianças nascem curiosas sobre o mundo. O que os adultos mais fazem na presença delas é, sem querer, frustrar essa curiosidade.” Ele argumenta que, ao dizer para não brincarem com ovos, impedimos que descubram o que acontece quando eles se quebram. Em outras palavras, sufocamos a curiosidade delas de explorar e, no fim das contas, de se maravilhar.

Uma vez ouvi um professor de biologia dizer: “Todo cientista é, na verdade, apenas uma criança que nunca cresceu. Nunca perdeu o senso de curiosidade pelo mundo.” E não são apenas os cientistas que carregam essa curiosidade. Pastores, teólogos e filósofos (só para citar alguns) também buscam entender o mundo. Muitas vezes, fazem perguntas semelhantes ou relacionadas às dos cientistas. Mas todos esses caminhos têm algo em comum: levam ao maravilhamento.

A natureza está repleta de maravilhas. Recentemente visitei o zoológico de Münster, na Alemanha, com minha família. Normalmente são meus filhos que mais aproveitam esse passeio, mas dessa vez houve algo diferente para mim. Ao passarmos por toda a diversidade de plantas e animais, tive uma percepção grandiosa: toda a vida está relacionada. Foi quase um “momento Grand Canyon”. O Grand Canyon oferece uma experiência única: coloca nossa vida em perspectiva diante da vastidão do universo. Por um instante glorioso, podemos sentir nossa pequenez diante de tamanha beleza.

No zoológico de Münster, tive uma experiência semelhante de encantamento. Um instante de admiração ao perceber minha insignificância na vasta teia da vida biológica. Enquanto caminhávamos, eu refletia sobre as semelhanças entre os organismos. Como pinguins se parecem com avestruzes. Como peixes se assemelham a répteis. E, sim, como macacos e símios se parecem com os humanos. Não eram apenas as semelhanças anatômicas que chamavam a atenção, mas também os comportamentos. Observar macacos exibindo atitudes competitivas, ciumentas ou curiosas. Ver grandes primatas usando gravetos para retirar creme de amendoim do fundo de um pote me fez sentir como se estivesse assistindo nossos ancestrais usando ferramentas pela primeira vez. Era como entrar em uma máquina do tempo e voltar 100 mil anos para testemunhar a história acontecendo. Caminhar pelo zoológico foi como percorrer, pessoalmente, ramos individuais da grande árvore evolutiva. Senti ao mesmo tempo o encanto de pertencer à natureza e o chamado singular de Deus para cuidá-la.

Em todas as áreas da vida, somos lembrados de que o universo declara a glória de Deus. Nosso Deus glorioso criou cada parte da natureza para nos conduzir ao maravilhamento. Só isso já torna a natureza digna de ser explorada. Ou, dizendo de outra forma: “a coisa maravilhosa sobre a natureza é que a natureza é uma coisa maravilhosa”.

 

ABOUT NATURE 02 - Associação Brasileira de Cristãos na Ciência: ABC²Mario A. Russo é pastor, escritor e plantador de igrejas. Vive com a esposa, Virginia, e os dois filhos na região do Reno-Ruhr, na Alemanha. Formou-se em Ciências Biológicas e Psicologia (University of South Carolina), tem mestrado em Religião (RTS) e doutorado em Ministério (Erskine College & Seminary). Há quase duas décadas, pesquisa, escreve e fala sobre ciência e religião, área em que desenvolveu paixão pelo diálogo entre ciência e fé, missiologia e pastoreio. Você pode acompanhá-lo no Twitter: @Mario_A_Russo.

TEXTO ORIGINAL: https://www.faraday.cam.ac.uk/churches/church-resources/posts/guest-post-the-wonderful-thing-about-nature/

Projeto: The Wonders of The Living World
The Faraday Institute

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